sexta-feira, 30 de março de 2012

Peripécias em Ponta Furada


 Um dos trabalhinhos do projecto envolve estimar abundância de frutos e foi isso que fomos fazer debaixo de um céu opaco e negro que nos ameaçava esmagar a qualquer momento. Como foi um dia interessante, deixo aqui os pontos altos:

 Ia eu a conduzir e a contar teatralmente o terceiro capitulo do meu livro (falo dele noutra altura) quando uma rocha caiu da encosta e esmagou-se mesmo à frente do carro! Travei de repente, não a consegui evitar e amassei a parte debaixo... ai se estivesse 5m à frente quando a pedra caiu... Claro que depois saímos do carro para a rebolar para fora da estrada caminho porque tinha caído numa curva e o pessoal aqui vai sempre lançado.

 Nas redondezas da entrada para Santa Jenny vi que estavam lá sentadas as pessoas que entrevistámos há bem pouco tempo (outra componente do projecto) por isso todos esticámos os braços de fora das janelas e atirámos-lhes cumprimentos e sorrisos de volta. Como eles continuaram a acenar, parámos para dar boleia ao Tchuco, ao Admin, e ao Cotacadela. A coisa irónica disto tudo foi que da última vez que estivemos em Santa Jenny, o Admin e o seu padrasto Cotacadela tiveram uma desavença que acabou em machin! (machin é uma catana) Felizmente que não houve feridos graves mas agora tudo estava belo e amarelo e ninguém adivinharia a gritaria que se havia passado naquela noite! Eu certamente que não!


 Chegámos a Ponta Furada e passámos por baixo das majestosas figueiras que teríamos que contar. Havia uma árvore em particular que estava a produzir tanto figo que ele estava por todo o lado, pequenas bolas vermelhas decorando o caminho, boiando na vala de escoamento de água, perfumando o ar em redor.
 Como da ultima vez tínhamos comentado que ninguém em STP comia Figo Porco, eu decidi experimentar um mas o Nity depressa acrescentou que em vez de apanhar um do chão, mais valia esperar que um caísse... e não é que segundos depois de ele acabar a frase, caiu-me um figo porco mesmo à frente! Toca de ir lavar o gajinho na vala e dar uma trincadela para ver como era! 
 O figo nem é mau de todo, embora não seja especialmente doce, mas o chato foi ver imensas vespas minúsculas a fugirem pelo buraco da dentada por isso imagino que quando sorri de volta para eles devia estar bem jeitoso! As vespas que saíram são obviamente os polinizadores das inflorescências que os figos são por isso já devia estar à espera, mas enfim!

Regressámos à cidade para uma cervejita e um doce de coco e todo aquele céu preto decidiu que já estava na hora de brincar com os mortais cá de baixo. As pessoas no mercado gritavam, tudo a levantar as tralhas que estavam à porta, pessoas confusas de um lado para o outro, já completamente encharcadas e sem saberem se valia a pena continuar a correr, a água suja a cumular-se nos cantos, os carros a traçar as estradas lentamente como se fossem barcos enviando ondas castanhas para cima dos passeios, e nós ali a relaxar... até que também tivemos que sair e levar com ela. Certamente que não somos mais que os outros.

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