Entrada de Dona Augusta. Normalmente tem roupa a secar em toda a extensão do caminho até lá abaixo. |
Depois de Ponta Baleia subimos até Dona Augusta. Já os conhecemos a todos e a mulher do Domingo, a Rola, gritou logo pelo meu nome mal nos viu.
“Pensava que já tinhas ido!” Somos sempre muito bem recebidos e desta vez não foi excepção. Depois de tirar as tralhas do carro e de separar as folhas dos inquéritos partimos os três à caça.
Chamavam Bondo à primeira senhora que entrevistei e ela disse-me que na semana passada só tinha comido coelho. Se tivesse sido o “nosso” coelho então era a primeira vez que eu ouvia a palavra num inquérito mas não, quando ela pediu à vizinha para trazer um coelho, ela veio-me com o peixe com aspecto mais primitivo que eu já vi nos últimos tempos (sem contar o con-con). Para perceberem como era a boca daquilo imaginem um bico de um papagaio. Agora imaginem outro, quatro pontas portanto, e “ponham-nas” a fecharem-se no mesmo ponto. Ah e metam isso numa cabeça grande e com grandes olhos predatórios e têm um “coelho”. A conversa sobre este peixe continuou até ela me dizer que quem comeu o bicho foi parar ao hospital com espasmos e companhia e quando as galinhas comeram as tripas dele morreram todas.
“Pensava que já tinhas ido!” Somos sempre muito bem recebidos e desta vez não foi excepção. Depois de tirar as tralhas do carro e de separar as folhas dos inquéritos partimos os três à caça.
Chamavam Bondo à primeira senhora que entrevistei e ela disse-me que na semana passada só tinha comido coelho. Se tivesse sido o “nosso” coelho então era a primeira vez que eu ouvia a palavra num inquérito mas não, quando ela pediu à vizinha para trazer um coelho, ela veio-me com o peixe com aspecto mais primitivo que eu já vi nos últimos tempos (sem contar o con-con). Para perceberem como era a boca daquilo imaginem um bico de um papagaio. Agora imaginem outro, quatro pontas portanto, e “ponham-nas” a fecharem-se no mesmo ponto. Ah e metam isso numa cabeça grande e com grandes olhos predatórios e têm um “coelho”. A conversa sobre este peixe continuou até ela me dizer que quem comeu o bicho foi parar ao hospital com espasmos e companhia e quando as galinhas comeram as tripas dele morreram todas.
“Então porque é que o comem?”
“Porque não tinha mais nada.”
“E porque é que deram as tripas às galinhas?”
“Não démos, mandámos ao chão e elas foram lá picar.”
Disse uma senhora desgostosa por ter ficado sem quatro galinhas.
A certa altura começo a notar alguma agitação.
À minha frente estava um porco amarrado pelas patas e ele parecia não perceber
Português porque se percebesse não devia estar tão tranquilo.
“Como mato ele?” Dizia um homem posicionado
atrás.
“Usa a madeira aí.” Gritou a senhora do coelho.
Viro-me para o homem sentado ao meu lado e ele dá uma palmada na própria testa e sorri. “É pra bater assim aqui.”
Bem, antes que pudesse meter a capa à frente dos
olhos e esconder-me que nem uma menina já o porco tinha levado com tronco gigante na cabeça umas
quantas vezes até ficar de lado a respirar sangue cá para fora. Os guinchos do bicho eram mesmo muito maus e ao vê-lo ali estendido parecia que me tinham batido também no mesmo sítio...
“E agora?” Perguntou o homem do tronco.
“Tem que usar faca!” A mulher passou-lhe uma
faca de cozinha torta e pouco afiada. “Dá-lhe no pescoço, vá.”
Basicamente foi como ver um homicídio
a sangue frio feito por um maluco qualquer. Não foi bonito e aposto que aquele porco, quando acordou naquela bela manhã solarenga, pronto para ir enfiar o focinho no chão atrás dos seus restinhos, nunca imaginou que seria a ultima vez. Tenho a certeza que se tivesse que assistir a uma cena daquelas sempre que fosse comer porco nunca mais regressava à carne.
Mais uma daquelas relíquias. |
A bela da fonte abandonada |
A manhã seguinte foi estranha. Como aqueles dias em que se abre a janela (ou se espreita para fora do amoque) e se encontra um céu tão cinzento que só dá vontade de ficar na cama à espera que passe. O vento soprava, lá no alto, as folhas estavam agitadas. Estava fresco, as cores escondidas, os pássaros pouco ou nada cantavam, parecia mesmo que ia chover mas no final o vento continuou até soprar todas as minhas incertezas e o sol brilhou novamente.
Ouvi dizer q comer carne por aí é para se ir para ao hospital =P
ResponderEliminarE com tanta maquina nem tiraste uma foto a tal espécime??
Que exagero! :P Não é nada disso! (apesar de nunca ter comigo carne nas comunidades, só peixe e búzio) Mas na cidade, desde que o sítio pareça minimamente aceitável, é perfeitamente seguro até com as saladas e isso.
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