Cheiro a fumos e poluição
em todas as suas vertentes mais variadas.
As pessoas falam muito e muito
alto, todas extremamente expressivas dentro e fora dos carros, onde têm que se
cumprimentar com as buzinas.
Mulheres desfilam nas ruas
enroladas em tecidos coloridos, carregando na cabeça alguidares de fruta e nas
costas, embrulhados em mais tecido, bebés gordinhos de pernas abertas e cabeça pendurada.
– Psss, branco, branco! – Chamam
os motoqueiros.
– Não obrigado.
– Branco. Branco. – Chamam as mulheres da fruta.
A t-shirt toda colada nas costas
e sarapintada com manchas de suor no peito. As mãos sentem-se, humedecidas. “Preciso
de outro duche.”
Os passeios todos rebentados e
com pequenas selvas a brotar nos lugares mais incríveis. Cabras a passar ao
lado do Palácio do Governador e cães totalmente esqueléticos a tentar saltar
para dentro dos contentores do lixo.
Passarinhos minúsculos azuis, vermelhos e castanhos que nos prendem o olhar e levam-nos a atenção quando levantam voo.
Centenas de miúdos a vir da escola todos de uniforme, brincando uns com os outros, pegando nas réguas
como se fossem machins, enquanto uns poucos ficam por aí a fazer tempo
enquanto puxam charocos do canal conspurcado da cidade.
À noite, galos e cães que parecem revezar-se para poderem fazer barulho sem nunca pararem e as formigas que entram e saem do teclado do portátil enquanto escrevo isto.
Que publicação maravilhosa! Na retórica clássica, diria que é ecfrástica! :D Quero ir a S. Tomé!
ResponderEliminarAbraço,
Gabriel